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LER/DORT: como identificar os primeiros sintomas antes que vire afastamento

Este artigo aborda a identificação precoce dos sintomas de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), destacando a importância da prevenção ergonômica e do cumprimento das normas específicas. Enfatiza a conexão com a NR-01, NR-17 e as melhores práticas para um ambiente de trabalho saudável.

Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são problemas comuns que impactam a saúde do trabalhador e resultam em afastamentos laborais significativos. Reconhecer os primeiros sintomas dessas lesões é fundamental para a adoção de medidas preventivas eficazes e para garantir o cumprimento da legislação trabalhista brasileira, especialmente a NR-01 e a NR-17. Este artigo visa promover um conteúdo educacional que simplifique o reconhecimento precoce dessas condições, reforçando a importância das ações ergonômicas nas empresas.

O que é LER e DORT?

LER e DORT são termos muitas vezes utilizados conjuntamente para descrever lesões que afetam principalmente músculos, tendões e nervos devido a movimentos repetitivos, posturas inadequadas e esforços excessivos. Conforme a definição da NR-17, esses distúrbios estão associados às condições ambientais e organizacionais que influenciam a saúde física e mental do trabalhador.

O que dizem as normas regulamentadoras?

  • NR-01 (Disposições Gerais): Estabelece a obrigatoriedade da implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), exigindo a identificação, avaliação e controle dos riscos, incluindo os ergonômicos.
  • NR-17 (Ergonomia): Define parâmetros para adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, prevenindo LER/DORT.

Identificação precoce: sinais e sintomas cruciais

O sucesso na prevenção de afastamentos por LER/DORT reside na identificação precoce dos sintomas. É essencial que os trabalhadores se sintam à vontade para comunicar qualquer desconforto e que a empresa esteja preparada para acolher e investigar essas queixas. Os primeiros sintomas geralmente são sutis e podem ser erroneamente associados a cansaço ou estresse. Fique atento a:

  • Dor: Inicialmente leve, localizada em ombros, pescoço, cotovelos, punhos ou mãos, que pode aumentar com a atividade ou melhorar com o repouso.
  • Formigamento ou dormência: Sensação de agulhadas ou perda de sensibilidade nas extremidades.
  • Sensação de peso ou fadiga incomum: A região afetada parece mais pesada ou cansada do que o normal.
  • Perda de força: Dificuldade em segurar objetos ou realizar movimentos que antes eram fáceis.
  • Inchaço: Leve inchaço ou calor na área afetada.
  • Rigidez: Dificuldade em mover a articulação, especialmente pela manhã.

Exemplo: Um operador de digitação que relata “cansaço” ou “uma pequena dor” nos punhos ao final da jornada, mas que desaparece durante o fim de semana, é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. Essa é a janela de oportunidade para intervenção antes que o quadro se agrave.

Avaliação e controle dos riscos ergonômicos

Avaliação

Segundo a NR-01 e a NR-17, a avaliação dos riscos ergonômicos deve integrar o PGR e o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Essa análise contempla:

  • Identificação das tarefas que geram esforços repetitivos e posturas inadequadas;
  • Levantamento dos riscos psicossociais que podem agravar quadros de LER/DORT, como estresse e jornadas excessivas;
  • Consulta aos trabalhadores para relatar dores e desconfortos.

Controle

Para o controle efetivo dos riscos relacionados à LER/DORT, recomenda-se:

  • Adequação do mobiliário e equipamentos conforme normas da ABNT (NBR específicas para mobiliário;
  • Intervalos regulares para descanso e alongamentos;
  • Rotação de tarefas para evitar a repetição contínua do mesmo movimento;
  • Treinamentos em ergonomia e saúde mental no trabalho;
  • Implantação de programas de ginástica laboral;
  • Monitoramento constante das condições ambientais e organização do trabalho.

Estratégias de Prevenção para Empresas

Além da conformidade normativa, a implementação de estratégias preventivas é essencial:

  1. Design Ergonômico dos Postos de Trabalho: Ajuste de mobiliário (cadeiras, mesas com regulagem de altura), ferramentas e layout para se adequar às características do trabalhador.
  2. Treinamento e Capacitação: Orientação contínua sobre postura correta, uso adequado de equipamentos e a importância das pausas.
  3. Pausas Ativas e Ginástica Laboral: Programas que incentivam alongamentos e exercícios compensatórios durante a jornada.
  4. Rodízio de Tarefas: Quando aplicável, distribuir atividades para variar os grupos musculares utilizados.
  5. Cultura de Comunicação: Promover um ambiente onde o trabalhador se sinta seguro para relatar sintomas sem receio de retaliação.
  6. Monitoramento da Saúde: Realização de exames periódicos complementares, conforme PCMSO (NR-07), focados nos riscos ergonômicos identificados.

Na prática, o que posso fazer na minha empresa?

Vamos a alguns exemplos de ações práticas que podem ser tomadas em diferentes setores de atuação do seu negócio:

  • Indústria de montagem eletrônica: Implementação de estações de trabalho ajustáveis em altura, permitindo adaptação ao trabalhador e minimizando posturas forçadas, conforme descrição da NR-17.
  • Call center: Reestruturação de jornadas para inclusão de pausas ativas e revisão do software para minimizar o número de cliques repetitivos, reduzindo esforços repetitivos e fatores psicossociais negativos.
  • Escritório administrativo: Implantação de Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) focado na ergonomia e saúde mental, com avaliações periódicas e treinamentos, em alinhamento com a NR-01.

Conclusão

A identificação dos primeiros sintomas de LER/DORT é vital para a prevenção do agravamento dessas lesões e para evitar afastamentos laborais que oneram tanto o trabalhador quanto a empresa. A aplicação prática das normas NR-01 e NR-17, especialmente por meio do PGR e das medidas ergonômicas, constitui o principal caminho para ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Investir na prevenção é não apenas um cumprimento legal, mas uma estratégia eficiente para garantir a saúde física e mental no trabalho, melhorando a produtividade e reduzindo custos com afastamentos.